segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Quem sou eu? Vamos descobrir...

Antes de iniciar essa “aventura jurídica”, gostaria de pedir, humildemente, licença. Pretendo esboçar um pouco sobre a minha vida e o motivo que me levou a criar este blog. A história é interessante e inspiradora.
Sou cuiabana, mudei-me para Brasília com apenas três anos, e nunca mais voltei para minha terra natal. Sou a nº 04 de uma família com 05 filhos e sempre tive em casa vários exemplos fantásticos de honestidade, esforço e dedicação. Meu pai, meu herói e meu ídolo. Minha mãe, minha fortaleza e minha fonte de vida. Minha irmã mais velha, Kakazinha, que é a pessoa mais doce e divertida do mundo. Minha irmã Érika, que sempre foi a mais linda e inteligente de todas as pessoas que eu conheci na vida. Meu irmão Eduardo, a pessoa que correu atrás de seu sonho, independentemente do que os outros planejaram para ele. E minha caçulinha linda, Maria Eduarda, que nasceu quando eu vivenciava a adolescência e eu “adotei” como minha irlha – irmã com filha.
Vivenciei os esforços de meus pais para mudarem de vida. Minha mãe é uma guerreira invejável, que batalhou duro e conseguiu voltar a estudar, se formar e passar em vários concursos após anos de vida doméstica, com quatro filhos e muitos sonhos. Quando ela passou na Secretaria de Educação do DF e estabilizou sua vida, teve mais uma filha (detalhe: aos 45 anos de idade). Meu pai, recebendo o apoio dessa heroína aí de cima, se formou em História na Universidade de Brasília aos 53 anos, pois durante toda a vida sustentou a casa e os filhos, trabalhando muito… No mesmo mês, minha irmã Érika, também, havia se formado em Biologia, com 24 anos, mas já havia tomado posse como técnica judiciária no TJDFT aos 19 anos.
Eu cresci nesse ambiente acadêmico, de pessoas só estudando, e trabalhando, e lendo, e pesquisando, e estudando um pouco mais. Meus presentes de aniversário eram livros sobre contos de fadas, o sítio do pica pau amarelo, coletâneas da Disney para dormir. Quando eu fiz 15 anos, não tive festa de debutante, e minha mãe fez algo muito melhor: me deu a coleção de “O Senhor dos Anéis” (simplesmente amei – my precious).
Como estudar era a lei que reinava lá em casa, não tive muito para onde correr e fui estudar. Fiz o PAS – Programa de Avaliação Seriada, oferecido pelo CESPE, para que os alunos do antigo ensino médio tivessem a chance de passar na UNB sem a necessidade de passar pela pressão do Vestibular. E foi assim que eu consegui minha vaga de Letras – Espanhol, aos 17 anos. Nessa época, eu já falava Inglês e Espanhol, e gostava da ideia de dar aula (será que era porque minha mãe era professora?). Assim que passei e comecei a fazer minha faculdade, minha genitora me falou: “agora você vai estudar para concursos”.
E lá fui eu estudar para concursos, com 18 anos, sem ter noção nenhuma do que eu deveria fazer. Lembro-me de abrir a Constituição Federal, ler o artigo 1º, folhear as páginas, perceber que era “pequena” e perguntar para minha mãe: “Mãe, cadê as leis? Não era para estar aqui junto da Constituição?”… Não, fia! Pois é. Dificuldade todos nós passamos, e a subida sempre começa pelo primeiro degrau.
Pois bem. Nesta época, obviamente, dei trabalho para meus pais e arrumei um namorado. Pensem naquele cara que, quando você apresenta para os pais é para “causar”: cabeludo, metaleiro, baterista, camisa preta, calça jeans, all star sujo nos pés. Essa pessoa era minha cara metade (para matar meu “velho” do coração, não é mesmo?). Continuei estudando para concursos, fazendo Letras – Espanhol e namorando. Com 19 anos, engravidei.
No começo, é sempre um choque dar essa notícia para as pessoas que você mais respeita na sua vida, principalmente quando a sua irmã mais nova tem apenas três anos de idade, e a irmã que já trabalha há anos, que é formada, que está no relacionamento sério, ainda não deu nenhum neto para seus pais. Pior ainda é quando, antes da sua irmãzinha de três anos, está você e mais ninguém, podendo-se dizer que, tecnicamente, você era a mais nova da prole. Ainda tem aquele irmão músico, que poderia ter dado um neto para esses pais. Mas não, tinha que ser eu, a pessoa que só estudava. Mas ainda bem que fui eu, pois foi melhor coisa que já aconteceu na minha vida!
Tive grande dificuldade nessa época. Não era casada, desempregada, morava com meus pais, e meu namorado não tinha muitas ambições. Grande desafio pela frente e percebi que o homem demora a amadurecer (desculpem os homens, mas esse fato é científico). Então, com aquela barriga de oito meses de gravidez, fui fazer a prova mais importante da minha vida: cargo de técnico judiciário do TJDFT. Já tinha sofrido várias reprovações nessas provas dificílimas de concurso. E afirmo categoricamente: quem fala que concurso público é fácil está mentindo. Não é. E não é fácil para ninguém. Não existe fórmula mágica para passar. É estudando muito e cada vez mais.
Fui fazer a prova no dia 02/03/2008. No dia 24/03/2008, minha filha linda nasceu. Parei de estudar e passei a ser mãe. Em abril/2008 saiu o resultado do concurso e eu tinha ficado em 318º. Chorei muito. Me desesperei. Minha irmã, que já trabalhava lá nessa época, me ligou superfeliz para dar os parabéns, que eu seria chamada… e eu não acreditei. Achei que essa colocação era muito ruim e que eu não conseguiria tomar posse, só me restando terminar a Faculdade de Letras e dar aulas. Mas não é que eu fui chamada? E foi rápido demais. Em agosto recebi aquele telegrama maravilhoso (não sei como ocorrem as convocações hoje em dia, mas em 2008 eles mandavam um telegrama). No dia 12/09/2008, tomei posse como técnica judiciária, quando Malu tinha quase seis meses, o que foi perfeito.
Comecei a trabalhar no mesmo local em que Érika trabalhava, na 14ª Vara Cível de Brasília. Era tudo tão empolgante, novo, envolvente. Comecei no atendimento ao público. Minha irmã me contou que era um serviço extremamente cansativo, porque balcão de Vara Cível tem ritmo frenético, com inúmeros processos e problemas sem fim, razão pela qual ninguém gostava muito desse serviço. Mas eu gostei. E quis aprender sempre um pouco mais da rotina de um cartório.
Passados uns meses, quando Malu completou um ano e três meses, mais uma vez minha mãe falou: “agora você vai fazer Direito”. Sem terminar a graduação em Letras, comecei a fazer meu curso de Direito. Comecei no Uniceub e comecei bem. Tirava boas notas e conseguia trabalhar, estudar e cuidar da Malu. Mas as contas começaram a ficar maiores do que o que eu recebia. Então mudei de faculdade. Fui para o Projeção, em Sobradinho. Nesse momento, enfrentei dificuldade com a locomoção: sair de Sobradinho, e ir trabalhar no Plano. Então, pedi remoção para o Fórum de Sobradinho, sendo lotada na Vara Criminal. Trabalhei por um ano, o que me deu uma experiência muito boa e legal, mas que eu detestei. Descobri que o crime não compensava para mim, porque me envolvia com aquelas vítimas e aqueles processos. Apesar de ter aprendido muito, aquele não era o meu lugar. Pedi para voltar para a equipe da 14ª Vara Cível. Isso ocorreu em 2012 já, alguns anos depois da minha irmã Érika sair do TJDFT e assumir o cargo de Especialista em Recursos Hídricos da ANA – Agência Nacional de Águas. A equipe da 14ª me aceitou de volta. E eu saí do Projeção e fui para o IESB, de volta para o Plano Piloto.
Quando voltei, aprendi cada vez mais, atendi ao público, comecei a me inteirar acerca do trabalho de um gabinete. E gostei. E fui desempenhando minha função pública da melhor forma que eu conseguia. Tentei conciliar entre os estudos, o trabalho, e a vida de mãe. Lembram daquele namorado “dorme sujo”?  Casei com ele. E já estávamos esperando nosso segundo filho. Construímos uma casa em Sobradinho, no mesmo lote da mãe dele e estamos criando nossos dois filhos. Ele cortou o cabelo, mudou as roupas, comprou sapatos, estudou. Em 2013 tomou posse no DNIT e em 2015 assumiu como técnico judiciário do Conselho Nacional de Justiça. A história dele é muito legal também, mas eu não vou contar. Deixa-o criar o blog dele.
Desde 2012, quando retornei para a equipe da 14ª Vara Cível de Brasília, comecei a acompanhar a juíza titular para onde ela resolvesse ir. Aqui, se me permitem, preciso externar minha admiração pelas duas pessoas mais incríveis que eu conheci naquele Tribunal: a minha Diretora de Secretaria e a minha Juíza. Todas as pessoas com quem já trabalhei são louváveis e maravilhosas. Tive muita sorte. Mas essas duas se destacam, porque criamos um vínculo de amizade que ultrapassa a esfera empregatícia (graças a Deus).
Continuando, acompanhei a juíza para o 2º Juizado de Fazenda Pública, para o 6º Juizado Cível e para a Turma Recursal. Cada lugarzinho desses me trouxe uma experiência incalculável. Formei-me em Direito em 07/2016 e, em seguida, fiz uma Pós em Direito do Consumidor, que concluí em 04/2017. Atualmente, estou estudando Psicologia Jurídica.
Foi o trabalho do Tribunal que me encaminhou para este blog. A práxis forense é muito diferente daquilo que lemos nos livros de Direito. Sou assessora e acompanho diariamente a mudança na jurisprudência, nas leis e, principalmente, na sociedade. O trabalho de um Juizado Especial é o que mais se aproxima do cidadão. Foi no intuito de passar a minha experiência, de passar alguns casos que já foram julgados pelo 6º Juizado (minha atual lotação), que este blog está aqui. E não só isso. Tirar dúvidas, prestar esclarecimentos, mostrar a Justiça pelos olhos de alguém que está lá dentro: não alguém que “pegou” casos famosos de pessoas criminosas milionárias e políticas. Não. Casos de pessoas simples, que acham a justiça quando procuram, mas que não ganham enfoque. São os coadjuvantes da sociedade e que fazem toda a diferença.
Neste espaço de estudo e divulgação, o estimado leitor encontrará várias portas para abrir. É um pequeno trabalho despretensioso, mas que apresentará temas interessantes para leitura, debate, conversa. Ora serão apresentadas notícias publicadas sobre processos que eu atuei, ou simplesmente processos com temas interessantes, ora serão feitos artigos acadêmicos ou científicos sobre as mais diversas áreas do Direito. 
É um pequeno projeto sobre algo grandioso para mim: a Justiça. Espero que gostem.💕
Sejam todos bem-vindos. Fiquem à vontade.
Com carinho,
Samara Luiza de Castro Pereira Hessen
Currículo: http://lattes.cnpq.br/7485890657664931